terça-feira, 13 de setembro de 2011

A Espera do Ser



Algumas coisas são naturais do ser humano, como a coragem, a bravura, a determinação, a curiosidade, o riso sem motivo. Mas ele também é naturalmente impaciente. O ser nunca supera sua ansiedade, não compreende os resultados a longo prazo, nem os fatos segregados. Há muito tempo, que o homem vem tentando se restaurar quanto a isso, tentando ser paciente; não estou me referindo a uma grande maioria não, pois a grande maioria não espera nem deseja ser paciente.
O ser deve passar por um longo processo até compreender o quanto é importante ter paciência na vida. Ter paciência para viver. Porque não se vive de repente. E até para que se passem os segundos, os minutos, dias e anos, é necessário paciência. Mas não estou me referindo a uma espera passiva, mas contundente, veemente e ciente, dos fatos e do mundo onde circulam as pessoas. Uma espera calma, mas persistente e civilizada. Uma paciência recheada de esperanças e imbuída da certeza de que ao fim da espera, ao menos alguma coisa seja positiva e repercuta através de muitos mais do que os segundos, os dias ou horas.
Mas a paciência é fundamental, para tudo. Até para que o mundo prospere, é preciso paciência. As flores demoram um tempo a florescer, os frutos e as árvores à germinar, a casa a ser construída, o assunto a ser compreendido, a moça a ser despachada no caixa do supermercado, a fila para embarcar no próximo ônibus para o Piauí, as datas comemorativas, a carne a escaldar na panela, a porta a ser aberta após o toque da campainha, a água a ferver para a criança tomar um banho quente em dias de inverno, o carro a trafegar no trânsito das grandes cidades e tantas outras coisas neste mundo...Temos que esperar. É necessário paciência para compreender a si mesmo e a vida em si!
A espera é indispensável e fundamental. Nada que fazemos tem um retorno imediato, pelo menos não aquilo que esperamos. E se quisermos algo mais eficaz, baseado na reflexão sobre o que seja realizado, certamente haverá um planejamento para um resultado previsto (obviamente talvez seja positivo), mesmo assim, esperar será inevitável. Nesse sentido o tempo é um fator importantíssimo. É no tempo da vida e através dele que refletimos nossas ações, nossas pequenas e grandes ações. Deveríamos nos doar mais ao tempo, ao nosso tempo, ao tempo onde tudo se passa. Não somente o tempo cronológico, mas o tempo da reflexão, do “parar um pouco”, do “dedicar-se a você mesmo”, do "dedicar-se a entender você mesmo", por alguns minutos, ou horas, tempo construído na paciência de refletir, consolidado na espera de um entendimento não muito distante. E, se comprovado este entendimento, então, valeu a pena esperar.
O ser-humano tem que aprender a esperar, e entender o sentido da espera.
Paremos. Se, até para a morte nós esperamos. Se, a vida é um eterno esperar para a transcendência do outro mundo. Se, após tentarmos de tudo neste mundo, ainda assim, devemos continuar a esperar. Porque então não consideramos portanto, este fato tão importante para o nosso viver diário? O viver é um eterno esperar! Se vive esperando por tantas coisas, hoje e a cada dia que se passa e isso é tão comum. Se vive então, a esperar o parque chegar na cidade; a esperar o lançamento do mais novo cd da sua banda favorita; a esperar as compras de Natal; seu filho sair da escola; uma vaga na garagem do shopping; o pagamento do 13º salário; os festejos juninos; o coral da igreja cantar após ter ensaiado por semanas; uma encomenda a ser entregue pelo correio e tudo mais que podemos imaginar e esperar. Se, oh homens deste mundo, esperamos tanto tempo para as coisas desta vida, se esperamos impacientemente por coisas que logo serão passageiras, então, não menos importante é esperar a compreender a si próprio, porque não importa quanto tempo leve, esta espera sempre será válida e, de uma maneira ou outra, enfim, acabará.

Bárbara Braz**  

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